Artigo: Topografia de baixo custo com Drones

Instituto GeoEduc

Resultados precisos por um valor muito mais baixo. Com os Drones, isso já é possível!

Antes de introduzirmos ao assunto em si, vale a pena fazermos uma breve retrospectiva dos métodos empregados nos últimos anos para levantamentos topográficos e mapeamento.
Entre as décadas de 1990 e 2000, vimos o surgimento de estações totais, no qual seu principal diferencial era a simplificação dos cálculos realizados após as medições de campo, consequentemente aumentando a produtividade dos levantamentos.
Nos anos 2000 surgiu o GPS RTK, que foi uma nova revolução, pois passaríamos a obter as medições em tempo real (que é a sigla em inglês Real Time Kinematic). Esta técnica é baseada na solução da portadora dos sinais transmitidos pelos sistemas globais de navegação por satélites GPS, Glonass e Galileo, o que faz com que a precisão obtida seja muito elevada. Com isso, aumentamos ainda mais a produtividade.
Segundo um estudo da Mineradora Vale, apresentado pela empresa Santiago e Cintra, o uso do GPS RTK, em relação aos métodos anteriores, sugere um aumento na produtividade de 3 para 1, diminuição do tempo em campo em 45% e queda de 38% no custo total dos serviços topográficos.
Agora estamos assistindo a mais uma quebra de paradigma na topografia, que é o advento dos veículos Aéreos Não-Tripulados (VANTs) ou Drones.
Neste artigo pretendemos expor um pouco da metodologia de levantamento topográfico com esta nova tecnologia, bem como seus benefícios de prazos e custos, em relação aos métodos tradicionais.
Para isso, utilizaremos como exemplo uma propriedade rural, localizada no município de Rio Claro (SP), com aproximadamente 300 hectares, cujo objetivo é o levantamento planialtimétrico (curvas de nível de 1 em 1 metro). Abaixo segue o mapa da propriedade, já com a ortoimagem obtida pelo Drone.

figura-1-600x355

Nesta área começamos a ter algumas dificuldades para um levantamento topográfico convencional, a citar: acessibilidade restrita, necessidade de abrir diversas picadas, terreno acidentado, etc..
Para uma equipe de topografia percorrer toda área utilizando um GPS RTK, incluindo a abertura de picadas, só o trabalho de campo poderia levar cerca de um mês, caso as condições climáticas fossem favoráveis.
Neste ponto, já começamos a ter um custo elevado para deslocar e/ou manter esta equipe durante todo este período que, neste caso, é a maior parte do custo total deste projeto.
Ao realizar o levantamento planialtimétrico a partir de voos com o Drone, podemos reduzir drasticamente este tempo de permanência em campo. Basicamente são utilizados métodos de aerofotogrametria para obter este tipo de mapeamento.
Neste exemplo foram utilizados os equipamentos Ebee – Sensy Fly e GPS RTK -Topcon para realizar este mapeamento.
Com este método, já não é necessário percorrer mais a área toda para realizar o levantamento, pois o trabalho de campo resume-se a duas etapas:
1) Instalação de GCPs (pontos de controle em solo): Nesta etapa são pré-definidas a instalação de uma série de pontos distribuídos ao longo de toda a área, e seu número varia de acordo com as condições de relevo e área. Em cada ponto são obtidas as coordenadas com GPS RTK.

figura2

2) Planejamento do Voo: Antes mesmo de ir a campo, já definimos previamente o plano de voo para cobrir toda a área, sendo necessário confirmar um local de pouso e decolagem. Esta etapa é a mais rápida, pois cada voo cobre aproximadamente 100 hectares, e leva em torno de 20 minutos.

figura-3

figura4-600x392

No escritório é aonde se emprega a maior parte do tempo do projeto, sendo que podemos dividir em três etapas:
1) Ortorretificação e Mosaico: Utilizando o software de processamento de imagens e aerofotogrametria, as cenas obtidas pelo levantamento do Drone são mosaicadas e ortorretificadas, utilizando as informações dos GCPs, levantados em campo com apoio do GPS RTK.
2) Obtenção do Modelo Digital do Terreno: O levantamento pelo Drone resulta também uma nuvem de pontos tridimensional, que é utilizada para criar um Modelo Digital de Terreno e consequentemente extrair as curvas de nível.
3) Vetorização: O resultado do passo 1 é uma ortoimagem com 5 cm GSD e precisão posicional de 10 cm, equivalente ao PEC A, é possível vetorizar os demais elementos, como vegetação, edificações, sistema viário, etc.

figura-5-507x600

Com o resultado extremamente semelhante aos métodos tradicionais de topografia, inclusive nos quesitos do Padrão de Exatidão Cartográfica A (PEC A), o levantamento planialtimétrico aqui obtido ainda tem a vantagem de permitir a obtenção de uma ortoimagem de toda a área.
As vantagens não param por aí, como mencionado no início do artigo, para realizar o mapeamento numa área deste tamanho levaria em torno de 30 dias, caso se utilizassem os métodos tradicionais de topografia. Com este método que faz uso do Drone, levou apenas um dia!
Em resumo, este método pode ser de 15 a 30 vezes mais eficiente do que uma equipe de topografia utilizando o GPS RTK, além de ter seu custo reduzido em até 70%. Se compararmos com o método utilizando a Estação Total, esta discrepância seria ainda maior, como mostramos no início do artigo.
É claro que cada cenário deve ser analisado individualmente antes de chegarmos a um denominador comum para chegar ao custo efetivo, pois cada área tem suas particularidades, além do fator logístico, etc., bem como elementos que devem ser mapeados.
Ainda é possível explorar outros recursos que vão além do levantamento planialtimétrico, o VANT/Drone pode ser equipado com outros tipos de câmera, como Infravermelhas, Multiespectrais e Termais, abrindo um grande leque para o universo do Sensoriamento Remoto, antes restrito a sensores orbitais. Mas isso já assunto para um próximo artigo!

Mais de 70 satélites de posicionamento global já estão em órbita. Entenda

/>Space_Junk

Instituto GeoEduc

VOCÊ SABIA QUE HOJE ESTÃO EM ÓRBITA SOBRE NOSSAS CABEÇAS EXATOS 74 SATÉLITES DE POSICIONAMENTO GLOBAL? E VOCÊ NOTOU QUE O SISTEMA NORTE-AMERICANO GPS JÁ NÃO REINA ABSOLUTO NOS CÉUS?

Mais de 70 satélites de posicionamento global já estão em órbita. Com os lançamentos realizados na semana passada, a “constelação” do sistema russo Glonass agora possui 28 satélites, sendo 24 operacionais. Já o GPS conta com 32 veículos em órbita, com 30 operacionais. Por sua vez, o sistema europeu Galileo chegou a 8 satélites, com 4 operacionais e o chinês Beidou já possui 17, sendo 16 operacionais.

Toda essa variedade de satélites para posicionamento e navegação ao redor do globo só melhoram a precisão e acurácia do trabalho dos profissionais de geotecnologia em solo, já que fornecem mais opções, principalmente se levarmos em conta locais com problemas para recepção de sinais, como por exemplo em áreas urbanas.

ENTENDENDO O GNSS

Mas, afinal, pra que tanta sigla? Apesar de popularizados com o termo genérico “GPS”, na verdade todos estes sistemas fazem parte de um grande grupo chamado de GNSS, que é a sigla em inglês para Sistemas Globais de Navegação por Satélite. Considera-se que, para ter cobertura global, uma constelação de satélites possua um número mínimo de satélites posicionados em órbita de forma que um receptor sobre a superfície terrestre possa sempre detectar pelo menos quatro satélites acima do horizonte. Nos sistemas GNSS, três satélites são suficientes para determinar as coordenadas do receptor em solo, enquanto o quarto satélite é utilizado para sincronizar o tempo.